Embrapa

Pesquisa agropecuária gera tecnologias ao desenvolvimento regional há 85 anos

Embrapa e Embrapa Clima Temperado completam 50 e 30 anos, respectivamente, mas pesquisa agropecuária na região teve início em 1938

Foto: Paulo Lanzetta - DP - Protagonismo nos sistemas de base ecológica e foco na agricultura familiar

Neste 1º de julho, a fusão entre dois centros de pesquisa que deram origem à Embrapa Clima Temperado, com sede em Pelotas, completa 30 anos. Porém, a pesquisa da unidade teve início na região em 1938, antes da criação da Embrapa nacional, em 1973. Um dos 42 centros de pesquisa da empresa no país, a Clima Temperado tem sido responsável pela disponibilização de soluções tecnológicas de impacto em diversos setores produtivos.

Por ser ecorregional de clima temperado, tem como foco o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Sul do Paraná. Por isso, os resultados envolvem produtos, como variedades adaptadas a diferentes regiões e sistemas de produção do país, assim como tecnologias e inovações presentes no dia a dia dos brasileiros, divulgadas e documentadas em diferentes meios de comunicação e publicações técnico-científicas.

“Todos os funcionários da Embrapa Clima Temperado possuem o sentimento de missão cumprida. O significativo é que os produtos das pesquisas estão em todos os lugares, das lavouras às feiras e supermercados, gerando empregos e renda e contribuindo para a segurança alimentar e ambiental do Brasil”, destaca o chefe-geral da Unidade, Roberto Pedroso de Oliveira.

Principais entregas à sociedade
A atuação da Embrapa Clima Temperado está estruturada em cinco temas abrangentes. A pesquisa tem como base a caracterização do que a natureza oferece (clima, solo, água e biodiversidade), portanto, uma das frentes desenvolve soluções voltadas ao uso sustentável dos recursos naturais. Como exemplos, o sistema sulco-camalhão, que otimiza o uso do solo e da água, e a Rota dos Butiazais, que alia conservação ambiental e geração de renda. Destacam-se também os zoneamentos que mapeiam áreas mais indicadas para culturas como arroz, pêssego, noz-pecã e oliveira; e o monitoramento climático da região em tempo real.

Já os recursos genéticos são o componente da biodiversidade com uso atual ou potencial e envolvem coleções de plantas, animais e microrganismos, como fungos e bactérias. Esses materiais são conservados e pesquisados para desenvolvimento de novas variedades em programas de melhoramento genético ou de novos produtos, como os bioinsumos.

Na área de grãos, disponibilizou 25 variedades de arroz irrigado que ajudaram a duplicar a produtividade das lavouras gaúchas. A BRS Pampa CL é, hoje, a segunda variedade mais semeada no Estado e o ativo que mais arrecada royalties à Embrapa no país. Destacam-se ainda o aplicativo PlanejArroz no apoio à tomada de decisão e na estimativa da produtividade do arroz irrigado; Boas Práticas Agropecuárias (BPAs) para Produção Integrada do Arroz (PIA); técnicas de Manejo Integrado de Pragas (MIP) em arroz e soja para redução de até 65% no uso de inseticidas; e o uso de inoculação e de práticas de manejo para Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN).

Na pecuária, destacam-se o Planejamento Forrageiro, que indica alternativas à falta de oferta de pastagens no período de transição entre as estações, e o Laboratório de Qualidade do Leite - referência nacional no apoio a políticas públicas que atendem do produtor ao consumidor final. Além disso, a indicação de BPAs em Integração Lavoura-pecuária, tanto de leite, quanto na pecuária de corte, ajudou a melhorar a rentabilidade e a sustentabilidade dos sistemas de produção na região de clima temperado.

Na fruticultura, um dos pontos fortes é o pêssego, expressivo na região de Pelotas. O melhoramento genético realizado desde 1963 foi responsável pelo desenvolvimento de 100% das variedades utilizadas hoje pela indústria e de mais de 80% das variedades de pêssego de mesa. Ainda nessa área, mantém o melhoramento genético de amora-preta, tendo disponibilizado oito variedades ao setor. Também foi responsável pela introdução do mirtilo no país, na década de 1980, e pela introdução e recomendação de inúmeras variedades de citros, responsáveis pela recente expansão do setor. Nos últimos anos, ainda se destacam pesquisas com oliveira e nogueira-pecã, também em expansão no Estado.

Entre as hortaliças, as pesquisas com morango, batata, batata-doce e cebola têm lançado novas variedades mais produtivas, saborosas e saudáveis. No caso do morango, a Embrapa lançou nove variedades, publicou recomendações e desenvolveu soluções de apoio ao setor. Já com relação à batata, só nos últimos anos foram lançadas cinco variedades para atender diferentes necessidades do setor produtivo e dos consumidores. Da mesma forma, a pesquisa desenvolveu variedades de batatas-doce biofortificadas, como a BRS Amélia, rica em provitamina A.

Por fim, as atividades voltadas à agroecologia e produção orgânica envolvem o resgate, conservação e promoção do cultivo de variedades crioulas; o desenvolvimento de práticas para sistemas de produção agroecológicos, como o húmus líquido e a compostagem laminar com uso de material orgânico; o desenvolvimento de variedades de batata, feijão, milho e cebola indicados para a produção orgânica; a validação de Sistemas AgroFlorestais (SAFs); e a indicação de técnicas de manejo da produção apícola.

Histórico da pesquisa agropecuária na região

A pesquisa agropecuária em curso na Embrapa teve início na região em 1938, com a criação de uma estação experimental voltada à viticultura, enologia e fruticultura de clima temperado, no Distrito da Cascata, em Pelotas. Após, em 1943, uma nova estrutura denominada Instituto Agronômico do Sul, foi criada em 1943 pelo Ministério da Agricultura. Com a criação da Embrapa, em 1973, ambos os centros de pesquisa foram incorporados à empresa e se tornaram estaduais, até que, em 1983, passam a ser centros nacionais.

O nome Embrapa Clima Temperado, então, surge com a fusão dessas duas estruturas, em 1993, marcada pela criação da sede da Unidade, no km 78 da BR-392. Nesse momento, a Estação Experimental Cascata (EEC), assume protagonismo nas pesquisas com sistemas de produção de base ecológica e com foco nos públicos da agricultura familiar; e a Estação Experimental Terras Baixas (ETB), hoje no município de Capão do Leão, volta-se às pesquisas com grãos, forrageiras e pecuária leiteira, visando a integração Lavoura-Pecuária (ILP) em terras baixas.

Mais recentemente, em 2016, a Unidade passou a integrar uma Unidade Mista de Pesquisa e Transferência de Tecnologia (UMIPTT) em Francisco Beltrão (PR), junto à Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e ao Instituto Agronômico do Paraná (Iapar). E, por fim, em 2019, também incorporou a Estação Experimental Canoinhas (EECAN), situada em Santa Catarina, que passa a atuar como hub de transferência de tecnologias (TT) e inovação na região.

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